
Sempre fui meio ranzinza, mas sempre acreditei que não estou no mundo a passeio. Quando decidi ser jornalista, minha primeira preocupação foi entender a exata dimensão de ser um profissional de Comunicação Social, de ser o responsável por transmitir e amplificar mensagens, por ser um formador de opinião.
Pois no tal discurso que fiz, no dia de minha formatura, chutei o balde e baixei o cacete no mercado que sempre foi prostituído. Afinal, de que adiantaria ser jornalista – depois de ter estudado anos para isso – se qualquer um poderia assumir meu lugar. “Basta ter bom texto”. Felizmente para nós e infelizmente para os outros, ser um profissional de comunicação não é brincadeira. Não é à toa que temos até legislação própria, apesar da falta de regulamentação de carreiras e coisas do gênero.
Muito grotescamente, lembro de ter dito que um jornalista não pode sair por aí operando corações ou construindo prédios, enquanto engenheiros, médicos e afins – é comum em redações e empresas – podem assumir posições de jornalistas. Por quê?
Além da falta de respeito (muitas vezes disfarçada) pelos profissionais (de fato) de comunicação, isso acarreta na diminuição crônica dos nossos salários. Já tinha percebido isso quando comecei a procurar um outro trabalho. Estou empregado, mas acredito que meu ciclo onde estou, se ainda não acabou, está muito próximo de acabar. E o que encontrei por aí? Salários ridículos.
E por quê só resolvi escrever sobre isso agora? Às vezes, a gente precisa de um empurrãozinho, que recebi em dois e-mails (Karine Mueller e Sérgio Dias) de um grupo que faço parte.
Meu grande problema é encontrar uma forma de lutar com essa situação. Não temos conselhos, nossos sindicatos não são fortes (muito por culpa nossa) e uma série de outras razões explicam esse quadro (como o excesso de mão-de-obra disponível, por exemplo).
Pois bem, se alguém tiver alguma idéia pra melhorar essa situação, é bom começarmos a agir. É phoda ver um anúncio de vaga para Jornalista com salário de 700 reais. E lamba!
2 comentários:
Sabe, penso bastante nisso tudo e sempre lembro de um amigo africano que uma vez me perguntou: Se você está insatisfeita com os deputados, por que não se candidata? Minha resposta: Eu não conseguiria viver naquele mar de lama. E ele retruca: Enquanto pessoas de bem pensarem assim, só os corruptos ficarão no Congresso. Acredito que o mesmo pode se encaixar nessa discussão. Enquanto não nos envolvermos, continuaremos reféns dos que estão com a faca e o queijo na mão.
Olá Sirelli, eu nao consigo ver relação entre os salários baixos e como o profissional "desqualificado" contribui para isso. Essa empresa, que paga 700 reais para ter um jornalista, não vai oferecer um centavo a mais. Tendo ou não regulamentação. Acredito que a culpa é dos próprios jornalistas que aceitam trabalhar para essa empresa por esse valor. Em vez de distribuir a vaga na lista, deveriam todos fazer uma força tarefa e ninguém aceitar o trabalho, ninguém divulgar a vaga.
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