quinta-feira, 5 de julho de 2007

Seleção canarinho

Hoje é o dia de um doloroso jubileu de prata pra quem gosta de futebol. Há exatos 25 anos acontecia o jogo que ficou conhecido como a Tragédia do Sarriá. Naquele dia, muitas coisas impressionantes aconteceram: Paolo Rossi (foto ao lado) marcou três vezes contra o Brasil, Cerezo tentou atravessar a bola de um lado ao outro do campo em plena intermediária brasileira, rasgaram a camisa do Zico na área e não marcaram pênalti, todo brasileiro com tv em casa lembrou do Jô Soares (Bota o ponta, Telê!).

Eu tinha oito anos em julho de 82 e aquele time é a minha primeira lembrança perfeita de uma copa do mundo. E aquele time inteiro só não era o meu próprio time de botão porque não gostava do Chulapa e (venhamos e convenhamos) o Flamengo daquela época era muito melhor.

Aquela Seleção Brasileira (reparem que, diferentemente de quando me refiro ao time do Dunga, aqui eu uso letra maiúscula) passou a integrar um lista de times incríveis que não conseguiram erguer a taça: Brasil 1938 (pouparam o Leônidas na semi e a vaca foi pro brejo), Brasil 1950 (coitado do Barbosa), Hungria 1954, Holanda 1974, Dinamarca 1986.

Daí que, apesar da derrota, não conheço ninguém que não lembre ou se refira àquele time com carinho. Mesmo os que acham que o importante é ganhar. Já ouvi muita gente falar o seguinte: “a Seleção de 82 foi a última Seleção Brasileira que existiu de verdade”. Não sou tão radical, pois acho que em 1986 nosso time era quase tão bom quanto aquele, mas se pensarmos bem... Mesmo com os títulos de 94 e 2002, alguma outra seleção encheu os olhos da turma? Não, os meus.

Mas aquela Seleção, além de jogar um futebol lindo, teria outros significados. Lembro de todo mundo em volta acompanhando a copa com uma esperança que não vi nas disputas seguintes. E só depois de muitos anos, me passou pela cabeça que, naquele momento, o Brasil encarava a “abertura lenta, gradual e segura”, pouco depois da anistia geral e irrestrita. A representava a esperança. Se a Copa de 70 foi útil aos militares, a de 82 serviria à democracia. No final das contas, entre a Seleção de 82 e a democracia, uma naufragou e outra... Ainda tenho minhas dúvidas.

Em homenagem ao escrete de 82, segue abaixo a letra do samba “Povo Feliz (Voa canarinho, voa)”, que o Júnior gravou e vendeu 600 mil cópias (não lembro nem achei os nomes dos autores, alguém ajuda?).

Voa, canarinho, voa

Mostra pra este povo que é rei
Voa, canarinho, voa
Mostra na Espanha o que eu já sei

Verde, amarelo, azul e branco

Formam o pavilhão do meu país
O verde toma conta do meu canto
Amarelo, azul e branco
Fazem meu povo feliz

E o meu povo Toma conta do cenário

Faz vibrar o meu canário
Enaltece o que ele faz
Bola rolando

E o mundo se encantando
Com a galera delirando
Tô aqui e quero mais

•••

Em 'homenagem' ao time do Dunga que, ontem, com quatro 'dungas' em campo, goleou o Equador por 1 a 0 (pênalti batido por Robinho), seguem as notas dadas pelo ácido Juca Kfouri, em seu blog:

- Dunga, o comandante deve vir na frente. E você vai ter de engoli-lo: 10
- Doni, sinônimo de segurança: 9
- Daniel Alves, o novo Carlos Alberto Torres: 8
- Alex Silva, só não é melhor, na zaga do São Paulo, do que Miranda: 7
- Alex, fez um pênalti bobo: 7
- Juan, não deu um pontapé e não deixou Diego entrar no lugar de Julio Baptista porque havia um escanteio: 4

- Gilberto, tão bom como Nilton Santos: 8
- Kléber entrou e tem talento demais para jogar neste time: 6
- Gilberto Silva, não deixa sentir saudades de Paulo Roberto Falcão: 7
- Mineiro, como um Zito: 7
- Josué, Didi redivivo: 7
- Julio Baptista, bestas somos nós: 8
- Diego entrou apenas para comprovar que nosso grande Dunga não é rancoroso: 4
- Robinho, só firulas e um gol (argh!): 3
- Vagner Love, quase fez dois gols: 5
- Comportamento da torcida venezuelana que vaiou o tempo inteiro porque entende é de beisebol: zero
- Condições do gramado: não provei.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pois é Gustavo, 5/7/82...véio sempre tem uma história, então lá vai: Recém casados e recém chegados em Belo Horizonte comecei a trabalhar na agência João Pinheiro do Unibanco. Eu era o tesoureiro e tinha como gerente um "italiano" Sérgio Lazzarini...Dia do jogo e lá vamos nós, eu e Zélia, levar a turma do trabalho para assistir ao jogo em nossa casa pertinho da agência. O tal Lazzarini também foi e o pior: o cara vibrava, pulava a cada gol...e DENTRO DA MINHA CASA !!! Mas...ele era o gerente...

Acho que a música é de autoria do próprio Junior. Vou ver se acho alguma coisa.
E quanto as notas do Juca Kfouri, eu penso que ele foi muito bonzinho...Eu daria 0 do técnico ao massagista. O timinho lá da Pça. Patriarca em Madureira jogaria melhor...

Abraços,
Marcos Lobo

Anônimo disse...

Fala Gustavão...

Aproveito a data para lembrar que, estava eu assistindo ao jogo do Sarriá na sala do apartamento do meu tio, no Catete, com mais umas 30 pessoas, imagina.... o calor humano, tios, primos, avó, vizinho, criança, pai, mãe, cachorro, papagaio, periquito, bandeira do Brasil na Janela, saco de supermercado ltado de papel picado....uma maravilha, todos juntos numa corrente única e fazendo a nossa parte de torcedor brasileiro.

Lembro perfeitamente como se fosse hoje. Meu tio, flamenguista doente, testemunha ocular da tragédia de cinquenta (Barbosa e cia), ficou absolutamente paralisado no pedaço mais nobre do único sofá da sala (o resto da torcida ficou no chão, banquinhos, almofadas, tamboretes e até em pé), diante da televisão, que nessa altura dos acontecimentos já tinha voltado à programação normal, não acredianto no que havia acontecido. Fecho o olhos e ainda vejo a última latinha de cerveja que ela tinha aberto lá pela metade do segundo tempo, provavelmente após o segundo gol do Brasil, ainda nas suas mãos, quente e choca, quando de repente minha tia (esposa do paralisado tio) abanando ele com uma ventarola desde quando o Rossi deu o golpe de misericordia, lhe pergunta carinhosamente:

- Meu filho, voce está bem?

e ele respondeu com a voz embargada:

- Não é possível uma coisa dessas.

Vida que segue.

....-....

Aproveitando o espaço, nao seria melhor naturalizar o Conca e botar ele pra jogar ao lado do Robinho?

Saudações vascaínas!

Jo´se Luiz (SPORTmania)

Anônimo disse...

Gusta,

A música, cantada pelo Júnior, é de um tal de Memeco e Nonô.
Tem outras, de diversas copas, com histórinha e audição em:
http://esporte.uol.com.br/copa/2006/ultnot/reportagens/2006/05/22/ult3668u11.jhtm

Abraço,
Marcos Lobo

Anônimo disse...

A música "Voa Canarinho", é de autoria de Memeco e Nonô, feita para a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. E o primeiro a gravar comercialmente foi o Junior, lateral esquerdo da seleção daquela copa e tantas vezes campeão mundial no futebol de areia.
Saudações,
Under®AC