quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ditadura, anistia e grana. Muita grana...

Segue abaixo mais um texto sobre a questão das indenizações. Como disse quando publiquei o post anterior, Ziraldo e Jaguar seriam a ponta midiática (bonito hein...?) da questão, facilitando o barulho dos que seriam contra.


O texto de hoje abre um pouco mais a questão e, quem diria, foi publicado na Veja. Eu pesquei no excelente blog do Andrei Bastos.


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O preço de um ideal
O valor das indenizações aos anistiados políticos volta a provocar polêmica


por Ronaldo França (Revista Veja, edição 2056, 16/04/2008)


O carioca César Benjamin, dono da editora Contraponto, ficou preso dos 17 aos 22 anos, sendo três anos e meio na solitária. Depois, amargou dois anos de exílio. Seu irmão, o jornalista Cid Benjamin, após participar do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, foi preso e banido. Só retornou ao Brasil nove anos depois. Raimundo Pereira, que esteve à frente do jornal Movimento, foi preso em 1964 e expulso do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), uma das principais instituições de ensino do país. A legislação em vigor lhes garante compensações pelos inegáveis danos que sofreram durante os anos da ditadura militar. Mas nenhum deles quis buscar as indenizações tão generosamente distribuídas pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Isso porque, acreditam, o que está em jogo não é uma questão meramente legal, mas ética. Bem diferente do que pensam outros brasileiros que foram (e alguns que dizem ter sido) perseguidos e prejudicados pelos militares e vêm embolsando quantias milionárias. “O direito à indenização deveria se restringir aos casos de comprovado e irreparável prejuízo”, diz o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), que foi preso e exilado mas não pediu um centavo por isso.





Na semana passada, o debate girou em torno dos cartunistas Jaguar e Ziraldo, cuja pensão mensal vitalícia foi arbitrada em mais de 4 000 reais, valor ao qual, por força de alguns critérios estapafúrdios da lei em vigor, se somam atrasados retroativos a 1988 de 1 milhão de reais – para cada um. Os dois tiveram de fato um papel no jornal O Pasquim, que se opunha ao regime. O que causou espanto foi saber que a conta seria paga pelos brasileiros. O também jornalista Millôr Fernandes, colunista de VEJA, definiu assim os que pediram indenização: “Eu pensava que eles estavam defendendo uma ideologia, mas estavam fazendo um investimento”. A comissão já analisou 37 000 processos e julgou favoravelmente 24 600, desde que foi criada, em 2001. O estado brasileiro desembolsou quase 4 bilhões de reais com isso.


Uma boa medida de comparação foi feita pelo jornalista Elio Gaspari, que lembrou em sua coluna nos jornais O Globo e Folha de S.Paulo que o holocausto massacrou mais de 6 milhões de judeus e a Alemanha pagou o equivalente a 9,8 bilhões de reais em indenizações. Essa desproporção de valores ocorre, em parte, porque a lei brasileira sobre o assunto é vaga e impõe critérios injustificáveis para a concessão do benefício e o cálculo dos valores. O próprio presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, considera os valores exorbitantes. A lei também contempla, indistintamente, pessoas que estiveram presas durante anos a fio e outras que dormiram duas noites no xadrez. Diz César Benjamin: “Não acho certo o estado me sustentar. Tenho capacidade de trabalho. Ter explicado isso aos meus três filhos e vê-los apoiar minha decisão valeu mais do que qualquer milhão”.

4 comentários:

Anônimo disse...

Queria saber cadê a indenização do meu tio, igualmente jornalista, que foi preso, torturado de maneira terrível e conviveu anos com pavor de campainha por causa disso. Ele morreu em outubro do ano passado, decorrente de problemas que não tinham nada a ver com isso, mas e aí? A família dele, filhas e netos, ainda estão vivos...
Beijo.
Dri

Anônimo disse...

Pô, meu amigo! Você continua com essa camisinha do Partido Verde. Não se iluda! Elas querem manter tudo como está!

Anônimo disse...

Oi Gustavo,quanto tempo!
Nem sei se ainda se lembra de mim, sou Ana, RP que morava na Pontes Correia, pertinho de vc. A gente se conheceu pelo MSN e depois acabei sumindo um tempão!
Bom, pra facilitar, comecei a namorar a Roberta, inclusive estamos até hoje muito felizes (quase 3 anos), graças a Deus!
Como estou montando um blog lésbico (rs), estava pesquisando coisas legais e achei os seus dois (Trabalho e Sirelli), que são ótimos.
Aliás, vou colocar os links no meu, quando estiver pronto mas, o de Trabalhos, já estou divulgando pra um monte de gente.

Eu ainda estou no seu MSN?

Beijo,

AD

christian barros disse...

Chega de debates.Os ciumentos,os hipócritas e os anti-anistiados que se lasquem. Se estes elementos quizerem ainda tem muita luta para o Brasil melhorar para nossos filhos e nossos netos. É preciso que os que discriminam os anistiados politicos se unam com agente para podermos ainda lutar contra os FICHAS SUJAS, OS PEDÓFILOS, OS CORRUPTOS e outros e outros que ainda incomodam a plena democracia como o judiciario
,o legislativo e o executivo. Enquanto os senhores ficam perdendo tempo com suas invejas e dsicriminação com o anistiado, pais de familia perdem suas vidas em assaltos e o Estado Brasileiro não indeniza as familias que sofreram esta violência,poderia escrever mais distorções no pais mas, posso dizer aos senhores discriminadores que venham para a luta se não forem covardes como estão sendo com os anistiado.Desculpem ainda somos de luta e voces?.